sábado, 30 de junho de 2012

Relatório Ensino e Aprendizagem


Relatório Final 

Tema: Ensino e Aprendizagem


Erick da Silva Oliveira       RA: 102123
Fabrício Eduardo Pessagno Miranda       RA: 104873
Franklin Daniel Braiani       RA: 122549
João Paulo Morais De Campos       RA: 119631
José Renato Pereira       RA: 121048
Márcia Santana Carvalho       RA: 122134


            O grupo é formado apenas por alunos do curso 029 (Licenciatura em Matemática) e o tema escolhido foi Ensino e Aprendizagem. Resolvemos tratar desse tema justamente para compreender como esta sendo realizado o ensino de Matemática atualmente, o nível de aprendizado dos alunos e principalmente porque eles têm tanto receio dessa disciplina.
      Nas discussões de planejamento do grupo quanto ao que seria feito em relação ao trabalho proposto nesta disciplina, pensamos em algumas possibilidades: primeiro em visitar dois tipos de escolas e duas séries, as escolas seriam uma estadual e uma particular ou uma estadual e uma municipal, mas por fim optamos apenas por visitar uma escola, e uma oitava série, devido ao curto tempo disponível durante a semana. Nosso principal objetivo nesse trabalho é tratar da questão do ensino e da aprendizagem retratado num ambiente escolar do ensino fundamental de uma escola pública estadual. Para isso definimos algumas visitas na instituição escolhida, que fica localizada na cidade de Sumaré região metropolitana de Campinas, é uma escola da periferia da cidade, portanto, problemas sociais, econômicos e culturais, estão mais latentes, pois refletem a realidade da maior parte da população.E como dois membros do grupo já lecionam, ficou decidido, portanto que iríamos visitar a escola e uma das salas de aulas para a qual o João leciona.
            Foram realizadas algumas visitas, na qual analisamos a sala de aula, o comportamento dos alunos e do professor e o empenho dos alunos para a resolução de problemas durante a aula. Posteriormente foi feita a entrega dos questionários aos alunos na sala em que visitamos, sem a presença do professor, e o questionário para os professores foi entregue nas escolas em que os dois membros do grupo lecionam, pois foi realizado apenas em professores que lecionam a disciplina de Matemática. 
            Cada membro do grupo ficou responsável por realizar uma tarefa, e tudo foi decidido em conjunto:

·         Erick – Elaborar os questionários que foram entregues para alunos e professores, analisar cada um e separar para mostrar ao grupo.
Questionário dos Alunos: Foram usados na elaboração das perguntas os conceitos de afetividade e mediação vistos na Teoria de Vygotsky. Alguns conceitos são de modo a questionar a relação dos alunos com seus professores, para que eles evidenciassem se essa relação tem alguma influencia no aprendizado da disciplina, e se eles dão importância ao aprendizado ou não.
Questionário dos Professores: Na elaboração foi necessária uma visão um pouco diferente, pois deveria constar nas perguntas a importância que eles dão em relação ao aprendizado do aluno e se eles se comprometem com o aprendizado de seus alunos. E, além disso, saber qual importância tem aos alunos para o qual eles já lecionaram.

·         Fabrício – Contextualizar o que Vygotsky prega com relação a Ensino e Aprendizagem.
O primeiro aspecto de interesse a ser ressaltado sobre as conclusões de Vygotsky é a de que o meio, a cultura e os aspectos históricos da época são fundamentais para o processo de desenvolvimento do ser humano. Ou seja, a relação do indivíduo com tudo que o cerca é essencial para que ocorra este processo. Com isso em mente, é compreensível a importância dada pelo Vygotsky à linguagem. Para ele, a linguagem tem um papel essencial no processo de ensino-aprendizagem, pois a mesma carrega os sentidos dos signos e símbolos presentes na cultura, caracterizando um sistema simbólico que o individuo interioriza, permitindo ao indivíduo agregar um valor e um sentido a informação que está sendo repassada. Porém, só o acúmulo de informação não é sinônimo de aprendizagem. Para Vygotsky, aprendizagem é um processo interpessoal e ativo, que ocorre antes do processo de desenvolvimento. De fato, apenas com uma organização dessas informações pelo processo de aprendizagem, associando ou esquematizando essas informações, levam o individuo ao desenvolvimento mental, e, assim iniciando o processo de desenvolvimento.
Desta forma, ensino e aprendizagem são vistos como processos que não podem ser desassociados, mas sim dependentes um do outro, em que um processo só é possível com a intervenção/interação do outro, caracterizando um novo processo, ao qual conhecemos como ensino-aprendizagem. Segundo Vygotsky, este último inclui o mediador, o aluno, e a relação estabelecida entre os dois. Ou seja, é um processo que depende de quem ensina e daquele que busca aprender e da relação construída sobre essa troca de informações. E é nesta relação presente no processo de ensino-aprendizagem que valoriza a importância da linguagem e também da motivação daquele que busca aprender algo. Os aspectos emocionais não são desprovidos de importância segundo Vygotsky, que julga a motivação como um importante elemento neste processo, assim como a capacidade do mediador em desenvolver este elemento no outro individuo.

·         Franklin – Montar a apresentação de slides, filmar e modificar os vídeos utilizados na apresentação e apresentar a introdução.
‘           O tema do nosso trabalho é embasado na teoria de Vygotsky, pois o autor trata das questões sociais e culturais, como sendo um dos pilares para o desenvolvimento do ensino e da aprendizagem, além da inclusão social, assim como a importância da mediação nesse processo, e todo seu viés ideológico e político está latente na teoria desse autor.
È pertinente, portanto, destacar alguns aspectos relacionados ao modelo de sociedade em que vivemos, regido pelos mercados leva a perpetuação do modelo neoliberal, ou seja, de reprodução e manutenção dos paradigmas de divisão de classes, onde só ocorre o acúmulo e a concentração de riqueza. A distribuição de renda, sobretudo é muito desigual, os países ricos são dominadores e impõe o modelo a ser seguido, influenciam de maneira avassaladora os países pobres, cultural, social e economicamente, isso tem impacto direto na educação.

·         João – Encontrar a escola, conseguir liberação para a visita em sala de aula e montar a dinâmica realizada no final da apresentação, e explicar o vídeo da sala de aula.
Um ponto central da teoria com respeito ao ensino e a aprendizagem é o conceito de Zona de desenvolvimento proximal (ZDP), que afirma que a aprendizagem acontece no intervalo entre o conhecimento real e o conhecimento potencial.
     Seria neste campo que a educação atuaria, estimulando a aquisição do potencial, partindo do conhecimento da ZDP do aprendiz, no caso em questão, a aluna possui um conhecimento real do sistema de numeração, identificação dos números e sua classificação, na ZDP, o professor fará a mediação de que existe uma relação dos números do conteúdo estudado (Equações do 2º grau) assim a aluna irá adquirir esse conhecimento e ele se tornará um conhecimento real.

·         José Renato – Pesquisar e montar a introdução da apresentação e dar apoio aos demais integrantes do grupo.
A educação se coloca de maneira subordinada ao Estado, refém de um modelo, um padrão de ensino, que é globalizado, que se coloca como o ideal para toda e qualquer sociedade no sentido de se manter as divisões de classes, de impedir a ascensão dos menos favorecidos. O direito a escola é tratado pelos órgãos mundiais, como Organização das Nações Unidas (ONU), como sendo um dever do Estado para com a sociedade, ou seja, o mais importante é melhorar o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) a quantidade é mais importante que a qualidade, o único objetivo é colocar as pessoas nas escolas mesmo que não aprendam nada.
Quanto á esse cenário de total adversidade o professor se vê como apenas um reprodutor da ideologia do Estado com suas ações de boa vontade, esperança, sendo obstruídas de diversas formas, tanto pela sociedade como pelo governo, o seu papel passa a ser de transmissor de conhecimento, não mais alguém que promove o conhecimento, a mediação desse processo, seu dever é fazer os alunos reproduzirem o que ele faz, a tecnicidade é mais importante em detrimento ao conhecimento novo, a produção e a formação de opinião, a própria concepção de mundo.
A minimização do papel do professor é conseqüência da sociedade em que vivemos, pois ele deve ser competente no sentido de obter resultados quantitativos, deve alcançar metas como se fosse um operário de uma linha de produção ou funcionário de uma empresa que visa apenas o lucro para a empresa que trabalha, e se vê explorado, sem perspectivas de almejar um futuro melhor, no caso do professor seria o Estado o patrão, que policia e determina a produção e o que o professor vai produzir, ou seja, a escola se faz um ambiente extremamente competitivo, desigual, limitador e dominada como se fosse uma empresa.

·         Márcia – Redigir o relatório final, entregar os questionários para os professores, apresentar o vídeo do Marcelo Tas e relacionar com Ensino e Aprendizagem.
            O conceito de ensino-aprendizagem não se refere somente à aprendizagem ou ao ensino, é um processo global que envolve alguém que aprende alguém que ensina, e a relação ensino-aprendizagem. E essa concepção de ensino-aprendizagem inclui dos aspectos relevantes:
- A relação de que alguém ensina.
Que não precisa ser necessariamente uma pessoa, mas também, objetos, eventos e o meio cultural onde a pessoa vive.
- E quando a aprendizagem é um resultado desejável e intencional.
Nesse caso a intervenção pedagógica é um mecanismo privilegiado. E a escola é o lugar onde o processo intencional de ensino-aprendizagem ocorre.
Embora Vygotsky enfatize o Papel da intervenção no desenvolvimento, seu objetivo é trabalhar com a importância do meio cultural e das relações entre indivíduos, na definição de um percurso do desenvolvimento da pessoa humana, e não propor uma pedagogia diretiva, autoritária.

Alguns depoimentos dos membros do grupo:

Erick:
Foi uma experiência interessante visitar e observar uma sala de aula fazia muito tempo que não entrava numa escola de ensino fundamental, pois faz um bom tempo que terminei o Ensino Médio. Vi que muita coisa mudou em relação aos estudantes, mas precisa mudar mais ainda também em relação atitude de professores.
As poucas conversas com os professores durante a visita mostraram que muita coisa precisa ser mudada na forma que alguns professores têm visão sobre Educação nos tempos atuais. Sobre as informações coletadas em todo o período da disciplina acho que foi de grande ajuda. Principalmente em relação a opinião de alunos sobre atitudes de um professor durante a aula. Pelo que vejo não é nada fácil lecionar nos dias atuais.
Fabrício:
A experiência não foi menos que surpreendente. As minhas recordações de uma sala de aula no ensino fundamental eram bem diferentes do que vimos durante a visita. Muito provavelmente por ter passado apenas os dois primeiros anos do ensino fundamental em uma escola pública, o que eu tinha em mente era um ambiente mais organizado, não exatamente de controle rígido, mas menos caótico. Recordo-me que nos meus tempos de escola, havia sim conversas entre alunos, momentos em que passávamos dos limites, mas os professores rapidamente conseguiam recompor o ambiente, sem necessariamente precisar usar de uma figura de autoridade absoluta com gritos e ameaças (em relação a notas).
            Já na sala em que visitamos o ambiente não poderia ser mais diferente. Os alunos mostravam pouco interesse quanto ao o que o professor tentava lecionar, é claro, havia algumas exceções, mas o espírito geral da turma era a de ignorar a aula. Por exemplo, o caminho entre as carteiras formavam um mini-labirinto já que cada um deixava a mesa na posição que facilitasse poderem se comunicar com os seus amigos, o que não seria nada demais se não fosse tão exagerado. Algumas garotas deixavam câmeras fotográficas e celulares sobre a mesa, não apenas com o intuito de guardarem os objetos, mas sim para ficar mostrando fotos umas para as outras, no entanto devo confessar que não vi nenhuma delas tirando fotos no momento. Além é claro do falatório incessante, em alguns momentos um aluno gritava para que o outro pudesse ouvir no lado oposto da sala. O principal detalhe é o fato de que tudo isso acontecia enquanto estávamos em sala, o que sugere que esses alunos realmente não se importavam com o que acontecia na sala, a não ser que isso atrapalhasse seja lá o que for que estiverem fazendo.
            Quanto ao professor, era visível o esforço para tentar ganhar um pouco da atenção da sala, sendo que em alguns momentos ele conseguia fazer com que a turma prestasse a atenção por alguns minutos, em especial quando pedia para que dissessem o resultado para uma questão que acabara de escrever na lousa. Mas a atenção vinha mesmo dos alunos que sentavam nas primeiras fileiras, talvez seja até por isso que estes se sentam nestes lugares, já que os colegas não respeitam a vontade destes em ouvir o professor.
            De qualquer forma, foi interessante notar como muitas vezes é a pessoa que senta ao seu lado que pode prejudicá-lo. Uma das alunas que sentava na última fileira se mostrara bastante interessada em entender o que o João estava passando, e com dificuldades em resolver os exercícios, se cobrava em voz alta mesmo, dando a impressão que em alguns momentos iria chorar por se sentir burra em não conseguir resolvê-los. Enquanto isso, duas alunas que se sentavam a frente dela não paravam de conversar e gritar, até mesmo com o professor, causando uma visível irritação na aluna. Porém, essa situação não a impediu de ir atrás do professor algumas vezes, procurando ajuda, chamando a nossa atenção, tanto que a filmamos enquanto o João a ajudava a entender a matéria, resultando no vídeo que passamos na apresentação.
            Por fim, os outros professores com quem conversamos na escola se mostravam desmotivados e cansados, como se cada aula fosse uma batalha contra os alunos. Um dos professores nos disse o quanto é difícil conseguir passar qualquer coisa para aqueles jovens, como eles ignoravam o professor ou desafiavam o professor, atitudes rebeldes comuns a essa faixa etária, porém pareciam um pouco mais exageradas neste caso.
            E assim concluímos a visita. Saí bastante decepcionado com a situação em sala, a falta de comunicação entre alunos e professores, até porque é possível que a postura dos alunos seja reflexo de problemas externos a escola, e a desmotivação dos professores dificultam a aproximação com os jovens. No entanto, ver a postura de alguns alunos que realmente se preocupavam com o que o professor tinha a dizer foi um alívio, nos mostrando que apesar do ambiente influenciar no indivíduo, alguns destes ainda buscam seguir um caminho diferente, ignorando as influencias negativas do ambiente e se apoiando em princípios próprios, ou até mesmo de outros ambientes, como o familiar ou o que consideram ideais. E o motivo disso ser um alívio é que essa é uma idéia que pode ser aplicado para qualquer outra situação, inclusive para a escola como um todo.     
O que isto quer dizer é que a situação na escola pública não é fácil de ser resolvida, mas nada impede que aos poucos, com alguns dos seus membros seguindo caminhos diferentes dos que são apontados sob influência do ambiente caótico no qual se encontram algumas escolas, outras pessoas se sintam motivadas a fazerem o mesmo. Da mesma forma com que Vigotsky diz que ensino-aprendizagem é um processo, uma possível solução para melhorarmos o ensino também é um processo, muito similar inclusive, em que depende da relação entre todos os elementos deste ambiente escolar.
Finalmente, a experiência que tive com esta atividade foi enriquecedora, ainda que decepcionante em alguns pontos. Foi possível notar o abismo que há entre o que é visto em teoria e o que é vivenciado em sala de aula devido à dificuldade do professor em conseguir por em prática qualquer conceito teórico. As respostas que obtivemos dos questionários foram igualmente interessantes e ajudam a visualizarmos este abismo, mas isto é abordado com mais tranqüilidade ao longo do nosso trabalho. De qualquer forma, vivenciar situações como estas é o que valorizam a nossa formação na licenciatura, e nos deixam um pouco mais preparados para o que encontraremos no futuro.

João:
Como um dos professores no grupo, ofereci a escola que leciono. O período das visitas foi vespertino. A série/ano escolhida pelo grupo foi o 9o ano do ensino fundamental, pois é uma idade de transição do ensino fundamental para o ensino médio e fazendo uma ligação com as teorias (Piaget, Vygotsky e Wallon), percebo que algumas atitudes dos adolescentes são parecidas com as de crianças, no ponto do egocentrismo. Foi muito gratificante, da parte dos alunos, em serem perguntados e expor suas opiniões isso faz com que eles sintam valorizados.


Referências Bibliográficas:

Implicações Pedagógicas do modelo Histórico-Cultural – Martha Kohl de Oliveira

Piaget – Vygotsky : Novas Contribuições para o debate – Martha Kohl de Oliveira

Lev Semionovich Vygotsky – Ivan Ivic
Recife: Fundação Joaquim Nabuco, Editora Massangana 2010 – Coleção Educadores

Henri Wallon – Hélène Gratiot-Alfandéry
Recife: Fundação Joaquim Nabuco, Editora Massangana 2010 – Coleção Educadores

Jean Piaget – Alberto Munari
Recife: Fundação Joaquim Nabuco, Editora Massangana 2010 – Coleção Educadores



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